O autor narra seis situações de psicoterapias voltadas para questões de pacientes com dificuldades de relacionamentos, medo da morte e sentimentos de perdas.
O texto entrelaça o envolvimento do psiquiatra com revelações autobiográficas a respeito das dificuldades, na infância, que interferiram na relação com a sua mãe.
Angustia e sofrimento
As simbologias reveladas nos sonhos são usadas para indagações e busca de sentido do sofrimento, na tentativa de encaminhar mudança comportamental que possa minimizar a angustia dos pacientes.
Ao escrever Quando Nietzsche chorou, Irvin, criou um embate entre o doutor Josef Breuer e o filósofo Friedrich Nietzsche.
Agora, no texto em questão, o autor relata um embate contundente entre ele e uma paciente, médica, que resolveu competir e interagir no tratamento de forma pouco comum, chegando a liderar grupos de debates de pessoas com câncer.
Paula, a paciente, questiona o psiquiatra e o acusa de traidor, por não entender o seu afastamento.
Insulto profissional e a parábola
Na primeira reunião com um dos grupos a paciente surpreendeu o psiquiatra com a leitura de uma parábola que retrata o trabalho desenvolvido nesse tipo de terapia.
“Um rabino teve uma conversa com o Senhor sobre o paraíso e o inferno.
Vou mostrar-lhe o inferno, disse o Senhor, e levou o rabino para um aposento em que havia uma grande mesa redonda.
As pessoas sentadas em volta dela estavam famintas e desesperadas.
No centro da mesa havia uma enorme panela de cozido, com um cheiro tão delicioso que a boca do rabino se encheu de água.
Cada pessoa em torno da mesa segurava uma colher com um cabo longuíssimo.
Mas, apesar de as colheres alcançarem a panela, seus cabos eram mais compridos que os braços dos candidatos a comensais: assim, incapazes de levar o alimento à boca, nenhum deles conseguia comer.
O rabino viu que seu sofrimento era realmente terrível.”
““Agora, vou mostrar-lhe o paraíso”, disse o Senhor, e foram para outro aposento, exatamente igual ao primeiro.
Lá estavam a mesma grande mesa redonda, a mesma panela de cozido.
As pessoas, tal como antes, estavam munidas das mesmas colheres de cabo longuíssimo – mas lá, todas eram bem nutridas e cheinhas, riam e conversavam.
O rabino não conseguiu entender, “é simples, mas exige uma certa habilidade”, disse o Senhor.
“Nesta sala, como você vê, eles aprenderam a alimentar uns aos outros.””
O texto é recheado de informações técnicas, contudo, pode ser compreendido pelo leitor pouco familiarizado com o estudo da psicanálise.
A sua forma possibilita análise do quanto os sentimentos interferem na vida quando os motivos não são identificados.
Irvin D. Yalom
Escritor americano, filho de imigrantes russos.
Formou-se em psiquiatria na Universidade de Stanford.
Escreveu Quando Nietzsche Chorou, A Cura de Schopenhauer, Mentiras no divã, De Frente para o Sol e Os desafios da terapia.
Referência bibliográfica
Yalom, Irvin, 1931
Mãe e o sentido da vida: histórias de psicoterapia / Irvin D. Yalom; tradução de Lucia Ribeiro da Silva. -Rio de Janeiro: Agir, 2008.
246p.
Tradução de: Momma and the Meaning of Life
ISBN 978-85-220-0921-3
1. Psicoterapia – Estudo de casos – Ficção. I. Silva, Lucia Ribeiro da II. Título
(R)
Olá Eduardo,
Estou passando rapidinho para agradecer a visita. Voltarei depois de amanhã, para ler com calma. Já vi que temos muito em comum. Também já li muitos livros daqui. Vou adorar as resenhas, vou refrescar a memória. Bjssss