Aliya, interprete da jornalista e escritora norueguesa Asne Seierstad que acompanhou a invasão americana no Iraque, viveu a guerra de forma diferente dos demais iraquianos.
Segundo Asne, a interprete foi indicada pelo governo de Saddam Hussein para acompanhá-la em suas atividades, dias antes do início da invasão americana.
Apesar de contestar o comportamento de Aliya, diante da disciplina imposta pelo regime de Saddam Hussein, Asne procurou compreendê-la ao ter conhecimento da forma que eram cobrados os descumprimentos às ordens do ex-líder iraquiano.
Fatos ocorridos após invasão do Iraque
O que parecia atitude vinda de valores da consciência, não passava de lavagem cerebral imposta aos iraquianos, sem oportunidade para analisarem e distinguirem o certo e o errado.
A disciplina às leis imposta pelo regime e a falta de hábito e condições para questioná-las fez da intérprete uma pessoa desprovida de opiniões. Quando as tinha temia externá-las, para não desagradar o regime.
Após a invasão do Iraque, pelos Estados Unidos e forças aliadas, a interprete se questiona a respeito da imagem que os invasores tinham de Saddam.
A causa da invasão
“- As pessoas dizem que ele não se preocupava conosco. Dizem que só pensa em si mesmo.”
Enquanto isso, um soldado americano observava a destruição da Babilônia e expressou a sua opinião.
– “Não tenho certeza que esta guerra seja justa. (…) Acho que tudo isso é por causa do petróleo. (…) O único ministério que protegemos é o do petróleo.”
Os 101 dias, relatados pela escritora, foram intercalados pelo silêncio, pânico, expectativa e destruição.
Faltaram serviços essenciais e abastecimento de alimentos para a população.
Para realizar a cobertura da invasão pelas forças americanas a jornalista precisou driblar a segurança de Saddam Hussein, desenvolveu habilidades para conseguir informações a serem transmitidas ao exterior.
Não poucas foram as oportunidades que precisou se proteger dos bombardeios americanos, em outras descumpriu as recomendações de segurança para transmitir, ao vivo, notícias em horários definidos pelas redes de TV.
O temor de uma jornalista que viveu dentro de uma guerra, foi relatado com isenção no livro 101 dias em Bagdá.
No mais, Saddam recebeu a sua sentença e o os iraquianos torcem por uma vida normal.
Enquanto isso, os Estados Unidos hesitam em sair do país, apesar dos gastos impostos pelo conflito.
Asne Seierstad
Nasceu na Noruega em 1970, é jornalista e escritora.
É licenciada em filologia russa e espanhola além de história da filosofia pela Universidade de Oslo.
Correspondente de guerra desde 1994 cobriu diversos confrontos internacionais para meios de comunicação escandinavos, holandeses e alemães.
Recebeu o Grande Prêmio Norueguês de Jornalismo, em 2003.
Referência bibliográfica
Seierstad, Asne,1970
101 dias
em Bagda / Asne Seierstad; adaptação da tradução portuguesa por Sofia de Sousa Silva. – 2ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2006.
383p.
Tradução de: Hundre og én dag: En Reportasjereise
ISBN 85-01-07779-8
1. Seierstad, Asne, 1970 – Viagens – Bagdá (Iraque). 2 Iraque, Guerra do, 2003 – Narrativas pessoais norueguesas. 3. Iraque, Guerra do, 2003 – Jornalista. I. Título.
(R)
Poderia ter abordado mais o livro ao invés de focar na segunda intérprete que Asne teve durante a guerra.