O livro faz críticas à Revolução Russa, à sociedade europeia e às castas dominantes inglesas.
Questiona sobre a forma, conveniente, da imprensa tangenciar os julgamentos ao regime.
O autor, de forma inusitada, retrata fatos discordantes das ideologias políticas que vigiam na Europa.
O texto diverte e possibilita o aprofundamento para o entendimento do comportamento social.
George Orwell faz uma analogia entre líderes da Revolução Russa e o comportamento dos porcos da Granja dos Bichos.
A granja com cenário
Major, um porco que tinha percepção dos motivos que o mantinha vivo, conscientizou os animais da Granja Solar para a necessidade de uma rebelião e implantação de uma revolução que transformasse a sociedade animal, cujos valores decorriam do tratamento equânime.
Major morre, mas, o conceito de poder usufruir o que produz ficou enraizado durante as reuniões que antecederam à Revolução.
Alguns animais se dedicaram, além do que faziam quando eram subordinados ao antigo dono da Granja Solar, enquanto outros, apesar de participarem do movimento, não tiveram a mesma consciência e disposição.
Os animais Napoleão e Bola de Neve tinham conceitos diferentes.
O primeiro achava que deveriam se armar e defender a granja e o segundo defendia estimular reações parecidas em outras granjas, na busca de um mundo socialmente mais justo.
Napoleão expulsou Bola de Neve, exerceu o poder com mãos-de-ferro e implantou notícias infundadas a respeito do antigo companheiro, para justificar a sua decisão.
Com o passar do tempo, tanto o processo produtivo como o de consumo da Granja tornou-se muito parecido com o que acontecia anteriormente.
Quando se questionava sobre os mandamentos que nortearam a Revolução, Garganta, o porta-voz de Napoleão, usava o fato de saber ler e demovia os animais trabalhadores de qualquer reação, dando novas interpretações aos mandamentos.
Privilégios dos regimes políticos
Entre os animais, os porcos assumiram privilégios e com o passar do tempo as prerrogativas foram aumentando até usufruírem de conforto e segurança, diferente dos demais animais.
Essa situação contrariava os mandamentos que deveriam ser seguidos por todos. É certo que os porcos não produziam um só quilo de alimento e demonstravam muito apetite. Quanto aos demais animais trabalhavam e não desfrutavam de nenhum conforto.
A decepção aconteceu quando foi percebido que os líderes se transformam em uma casta dominante, postura parecida com os humanos. Era impossível distinguir quem era homem e quem era porco.
Os mandamentos que serviram para doutrinar os animais foram, aos poucos, distorcidos e a sociedade que lutou por ideais revolucionários ficou desiludida.
A postura como simbologia
Para simbolizar o exercício inadequado do poder, após a existência da revolução, o autor radicaliza e apresenta os animais, líderes da Revolução dos Bichos, caminhando em duas pernas, contrariando um dos sete mandamentos da Revolução: “Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.”
O cavalo
O livro, escrito em 1943, foi criado quando o autor percebeu uma criança de dez anos comandando um imponente cavalo. Cada vez que o animal tentava se desviar do caminho o garoto o chicoteava.
Ao perceber aquela situação imaginou se o animal tomasse consciência da sua força física não teriam o mesmo poder sobre ele, deixando-se explorar pelo garoto a exemplo da opressão exercida pelas classes mais favorecidas em relação aos proletariados.
Trata-se de uma análise da teoria de Karl Marx, de forma independente, criativa e inusitada.
É um texto que apesar de ter sido escrito há mais de cinquenta anos se mostra atual.
Chama a atenção da sociedade para as distorções dos regimes políticos, especialmente os totalitários.
Recomendo a leitura!
George Orwell (Eric Arthur Blair)
Nasceu em Motihari na Índia, no ano de 1903.
Completou seus estudos na Universidade de Eton.
Aos 19 anos entra para a Polícia Imperial Britânica.
Passou muitos anos entre a Índia e a Birmânia.
Revolta-se com o imperialismo inglês.
Considera seu passado vergonhoso, e por isso muda seu nome.
Seu nome verdadeiro é Eric Arthur Blair.
Trabalha como operário de fábrica em Paris e depois como professor primário em Londres.
Assim, sente pela primeira vez a opressão da classe trabalhadora e passa a escrever neste contexto.
Participa da Guerra Civil Espanhola, em 1936, lutando ao lado do P.O.U.M. (Partido Obrero de Unificación Marxista).
George Orwell era a favor das classes sociais baixas e se decepcionou com os Partidos Comunistas da época, fiéis aos ditames de Moscou.
Era um anti-stalinista, não pelo socialismo, mas contra todo o tipo de totalitarismo.
Escreveu “Na pior em Paris e Londres”, “A flor da Inglaterra”, “Dias na Birmânia”, “O caminho para Wigan Pier”, 1984, A Revolução dos Bichos, entre outros títulos.
Referência bibliográfica
Orwell, George, 1903 – 1950
A revolução dos bichos: um conto de fadas / George Orwell; tradução Heitor Aquino Ferreira; posfácio Christopher Hitchens. – São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
147p.
Título original: Animal farm : afairy story
INBN 978-85-359-0955-5
1. Ficção inglesa. I. Hitchens, Christipher – II. Título.
(R)
Este livro é mesmo sensacional Eduardo. Escrevi sobre ele e postei em meu blog no dia 18/03/2010. Eric Arthur Blair construiu um belo libelo em favor da liberdade e contra toda forma de opressão! Boa noite, grande abraço 🙂