Nexus: Uma breve história das redes de informação, da Idade da Pedra à inteligência artificial – Yuval Noah Harari

Como de hábito, o autor não economiza em pesquisas históricas para expor as suas ideias a respeito dos temas que escolhe para escrever. Arquiteta uma narrativa de modo que o leitor possa acompanhar a linha de raciocínio que o leva a entender o porquê da sua preocupação a respeito do tema final da obra.

Yuval não impõe conceitos pré-estabelecidos. Convida o leitor a acompanhar a história de modo que ao final possa tirar as suas próprias conclusões. Desta feita escolheu as redes de informações desde a Idade da Pedra até o futuro da inteligência artificial.

Seremos excluídos da criação?

Fala-se muito e sabe-se pouco a respeito do futuro da novidade que inquieta a alguns e surpreende muitos pelas facilidades e inovações. Não economizou citações a respeito da comunicação do homo sapiens, suas dificuldades, escolhas e consequências. Preocupa-se com o novo, apesar da consciência de quanto ele é importante. Nos convida a observar os riscos que o futuro pode nos aguardar, afinal, a inteligência artificial processa as informações de forma independente, substituindo os seres humanos, inclusive, em tomadas de decisões.

Até então as invenções humanas não eram capazes de fazer descobertas por conta própria. As opiniões filosóficas, religiosos e científicas são objetos de avaliações e críticas. É óbvio que parte do que a humanidade conhece e acredita advém de conceitos equivocados e por isso, com o decorrer do tempo, muito das crenças são enfraquecidas.

Quem tem familiaridade com a obra de Yuval sabe que os relatos apresentados desmitificam alguns conceitos arraigados na história. Enquanto a ciência se encarrega de reavaliar e atualizar conceitos diante de novas descobertas as religiões mantêm seus dogmas e transferem as incoerências para a fragilidade humana.

“É por isso que a busca da verdade é um projeto universal. Pessoas, nações ou culturas podem ter crenças e sentimentos divergentes, mas não podem ter verdades contraditórias, porque todas elas compartilham uma realidade universal. Qualquer pessoa que rejeite o universalismo rejeita a verdade.”

Avaliando a coerência 

As pesquisas realizadas através da inteligência artificial podem se tornar mais completas na dependência de como são formuladas as questões. Quando o questionador formula a pergunta de forma simples a resposta tende a vir concisa. Quando a pergunta é formulada com riquezas de detalhes a tendência é que a resposta venha mais profusa. O risco está quando o pesquisador deixa de avaliar a coerência do que lhe foi oferecido. Considerando que a inteligência artificial é capaz de produzir arte e fazer descobertas por conta própria os humanos podem se tornarem marionetes no processo.

Estaremos nas mãos dos algoritmos?

Tomando como exemplo o uso de uma tag em um estacionamento de um shopping, a identificação biométrica em um consultório médico, o controle da ordenha em vacas leiteiras, a previsibilidade de vida útil de equipamentos industriais e muitas outras situações de ganho de eficiência a inteligência artificial, sem sombra de dúvida, é facilitadora e promotora de aumento de produtividade, eficácia e segurança. Projetos importantes estão em andamento através da inteligência artificial a exemplo do desenvolvimento, em curto prazo, de medicamentos para as áreas de oncologia, cardiovascular e neurodegeneração que normalmente levariam 5 a 10 anos para serem descobertos e validados. Por outro lado, ao analisamos a capacidade da inteligência artificial de criar Fake News sejam em textos, imagens ou filmes e, ainda, poder escolher os destinatários cujo critério fica delegado aos algoritmos a avaliação muda de configuração. Outra questão que tem sido levantada é o uso de dados protegidos por direitos autorais.

A obra, sem sombra de dúvida, contribui para o início do debate a respeito do uso da inteligência artificial. Certamente muitas outras contribuições virão na esteira do tema de relevante importância social, econômica e política.

Recomendo a leitura!

Yuval Noah Harari

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Historiador, investigador e professor de História do Mundo na Universidade Hebraica de Jerusalém. Duas vezes vencedor do Prémio Polonski para Criatividade e Originalidade nas Disciplinas de Humanidades, publicou numerosos livros e artigos científicos.
Sapiens: História Breve da Humanidade, Homo Deus: História Breve do Amanhã e 21 lições para o século 21, todos nas listas de bestsellers.

Um comentário

  1. Ao que parece, é uma leitura muito interessante, diante da mais profunda revolução da informação da humanidade.
    A nova realidade pode servir para o bem e para o mal.

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