O livro aborda situações ridículas sobre o amor.
Aliás, nada do foi escrito nos sete contos, que compõem o texto, é surpresa para a maioria dos leitores, contudo, a forma como são narradas as histórias desperta o interesse das relações.
Enganado parceiros
Os sete contos possibilitam uma abrangência no entendimento das relações pessoais, que, muitas das vezes, leva os atores a tentarem ludibriar os parceiros assumindo uma forma amoldada e conveniente, com vistas a despertar o interesse daqueles que figuram como propensas presas.
As surpresas aparecem quando percebemos que, nas relações, os ludibriados também são ludibriadores.
“Bem, pensava eu, Martin é prisioneiro de sua ilusão, mas e eu? E eu? Por que lhe faço companhia neste jogo ridículo? Eu, que sei que tudo isto é um engano? Não seria mais ridículo ainda do que Martin? Por que fingir esperar por uma aventura amorosa quando sei muito bem que o máximo que pode acontecer é perder uma hora, estragada antecipadamente, com duas mulheres desconhecidas e indiferentes?”
Jogo de palavras
A palavra amor na maioria dos contos aparece na forma figurada.
Em várias oportunidades o que existe são jogos e chantagens emocionais na busca do prazer e da luxúria.
Muitos dos contos apresentam atores distanciados culturalmente, por crença, discrepância social, faixa etária e política.
Não poderia dar outra coisa senão o subterfúgio de alguns protagonistas tentando despertarem o interesse dos propensos parceiros.
“…Ou um velho aceita ser o que é, ou seja, um resto lamentável de si mesmo, ou não aceita. Mas o que deve fazer, se não aceita? Ele pode apenas uma coisa: fingir ser o que não é; só lhe resta suscitar, por um esforço permanente, a ilusão do que ele não é mais, do que perdeu; inventar, brincar, imitar a própria alegria, vitalidade, cordialidade. Fazer reviver seu personagem juvenil e esforçar-se para, confundindo-se com ele, substituí-lo pelo que é no presente.”
Em alguns casos as relações centrais são mantidas adornadas por outras periféricas, mas, na maioria deles são destroçadas devido às aventuras hilárias que os atores são envolvidos.
“…É, simpática — disse Havel. — Mas um cachorro também pode ser simpático, um canário ou um pato que corre desajeitadamente de um lado para o outro numa fazenda também. O que conta na vida não é ter o maior número possível de mulheres, porque isso é apenas um êxito aparente. Você deve, de preferência, cultivar uma exigência especial em relação a si mesmo. Lembre-se, meu amigo, que o verdadeiro pescador devolve à água os peixes pequenos.”
O texto é construído em linguagem fluente e atrai o leitor não só pela forma, mas, também, pela originalidade que é apresentado.
Milan Kundera brinca com o cotidiano filosófico e psicológico dos personagens e procura mostrar o quanto há de fraqueza nas relações humanas.
Milan Kundera
É um dos maiores escritores do pós-guerra.
Nascido em Brno, na região da Morávia, antiga Tchecoslováquia (hoje República Tcheca), ele conquistou fama internacional com o romance “A Brincadeira” (1967), que lhe rendeu a proibição de publicar em seu país e a perda da nacionalidade.
Seus romances geralmente tratam de escolhas e decepções.
Em seus livros é recorrente a crítica ao regime comunista e à ocupação russa de seu país em 1968.
Em 1970, o escritor publicou o conto “Risíveis Amores”.
Refugiou-se em Paris em 1975, onde lecionou a disciplina arte do romance na École des Hautes Études en Sciences Sociales.
A partir de 1980, quando se naturalizou francês, passou a se dedicar à tradução para o francês de seus textos anteriores, escritos originalmente em tcheco.
Com “A Insustentável Leveza do Ser” (1984, adaptado para o cinema em 1987), tornou-se conhecido mundialmente.
Em 1987, recebeu o Prêmio Nacional das Letras da Áustria.
Outras obras importantes do autor são A Brincadeira (1967), Risíveis Amores (1969), A Vida Está em Outro Lugar (1973), A Valsa dos Adeuses (1976), O Livro do Riso e do Esquecimento (1978), A insustentável leveza do ser (1983), A Imortalidade (1990), A Lentidão (1995), A Identidade (1997), A Ignorância (2000), e A Festa da Insignificância (2014).
Referência bibliográfica
Kundera, Milan – 1929
Amores, Risíveis / Milan Kundera. – Editora Companhia de Bolso, 2012.
Literatura Estrangeira-Romances
ISBN 9788535922080
1.Contos Estrangeiros. I. Título.
ISBN 9788535922080